SC lidera ranking de carros e motos por domicílio no Brasil e algumas tristes lideranças
Este mês de outubro, tivemos algumas notícias de diferentes setores econômicos ligados diretamente ao trânsito do nosso Estado, e que afetam os mais diversos setores da sociedade. Começando com a notícia da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores de Santa Catarina (Fenabrave-SC) sobre as vendas de veículos, que em setembro de 2013 foram 22,27% mais elevadas que em 2012. O segmento de automóveis e comerciais leves atingiu aumento de 22,70%, enquanto o setor de motocicletas cresceu apenas 3,40%. Já o de ônibus e caminhões teve destaque com alta de 56,30%.
Outra notícia vem do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgada dia 24, sobre um levantamento que aponta que 54% dos domicílios no Brasil têm carro ou motocicleta disponíveis para o deslocamento dos moradores. Santa Catarina, porém, é o Estado do Brasil com maior percentual de veículos por domicílios no País (73,4%). A cada quatro domicílios catarinenses, praticamente três têm um veículo particular.
As últimas notícias referentes aos acidentes em nossas estradas também estão entre os mais graves do país nos últimos anos. Santa Catarina tem configurado entre os primeiros lugares no ranking de mortes em estradas federais. Para piorar essa situação, a falta do anel viário no entorno na Grande Florianópolis faz com que caminhoneiros e outros motoristas que cortam o país de norte a sul, tenham que passar por nossas cidades ceifando vidas, e fazendo do trecho Palhoça / São José na BR 101, o segundo mais perigo do país. Como exemplos, vamos citar três diferentes registros, entre os dias 22 e 23 deste mês, envolvendo três caminhoneiros:
1) Morro dos Cavalos em Palhoça, caminhoneiro conduzindo veículo em velocidade incompatível com as condições da via (chuva, trecho não duplicado e ondulação na pista), cruzou a carreta na estrada fazendo com que um ônibus batesse de frente, causando a morte de uma pessoa e ferindo 28.
2) Em outra colisão também em Palhoça, o motorista de um caminhão bateu na traseira de um carro na via marginal, e disse que não parou, pois não viu e nem sentiu nada. Com a batida, uma passageira do carro morreu.
3) Em São José, numa quarta-feira de tempo bom, 23h, numa reta, um caminhoneiro simplesmente passou por cima de moto e motociclista que trafegavam na mesma direção que o caminhão, matando o motociclista e fugindo em seguida.
Para concluir este breve artigo que apresenta números, estatísticas e ocorrências, estudos apontam que Florianópolis possui uma das maiores frotas per capita entre as capitais e tem a pior mobilidade urbana do Brasil. A cidade não possui transporte marítimo, trem, metrô, faixa exclusiva de ônibus ou ciclovias ligando uma região a outra. É quase uma obrigação o florianopolitano possuir o seu transporte individual e o turista quando vem passear também traz o seu. O resultado é caos no trânsito não apenas na capital, mas em todo o entorno, especialmente na temporada de verão.
A educação reduz prejuízos e perdas irreparáveis.
O objetivo desta matéria não é tirar os méritos da Fenabrave-SC pela venda de seus produtos pois está em harmonia com a política do governo de incentivo ao transporte individual. Ao contrário, queremos elogiar a iniciativa da instituição em promover o 2º Prêmio de Jornalismo Fenabrave-SC, para materiais referentes à conscientização no trânsito, como tema “Educação para um trânsito melhor”. Podem participar do concurso artigos, reportagens, séries de reportagens ou notícias de quaisquer veículos de comunicação sediados em Santa Catarina.
Com amplas campanhas de educação no trânsito, utilizando os mais diversos materiais educativos e amplamente distribuído nas estradas com a presença das Forças Armadas, programas no rádio e TV advertindo os motoristas sobre os perigosos do trânsito, é possível sim conseguir efeitos imediatos sobre o elevado número de mortes em nossas estradas. Porém, somente ações educativas não serão suficientes. É preciso haver uma rigorosa fiscalização com punições exemplares aos infratores contumazes, pois só assim teremos condições de iniciar um processo de diminuição no número de mortes por acidentes de trânsito, numa batalha que está longe de ter o que comemorar.
Publicado por Guina, o Moto Repórter